quarta-feira, 17 de outubro de 2012


  N° Edição:  2188 |  14.Out.11 - 21:00 |  Atualizado em 18.Out.11 - 18:42

Buraco sobre o Polo Norte
Uma nova perda na camada de ozônio, agora na região acima do Ártico, mostra como a atividade humana exerce influência direta sobre o clima do planeta. André Julião

A maior bandeira ambiental dos anos 1980 está de volta às manchetes. Mas o buraco na camada de ozônio sobre o Polo Sul não é mais o problema. Uma nova perda do gás, essencial para proteger a Terra dos raios ultravioleta, ocorre agora sobre o Ártico, no polo oposto do planeta. O fenômeno foi detectado pela primeira vez em 1985 e, quatro anos depois, um acordo global proibiu a fabricação de produtos que causassem danos ao escudo gasoso. Este ano, porém, os cientistas identificaram um novo buraco, consequência direta dos poluentes emitidos antes do tratado – conhecido como Protocolo de Montreal e assinado por 191 países.

Um frio intenso na atmosfera superior do Ártico no último inverno ativou produtos químicos que estão presentes no ar e danificam a camada de ozônio, como o clorofluorcarbono (CFC). Eles produziram um buraco de tamanho sem precedentes na região, pouco menor que as áreas dos Estados do Amazonas e Pará juntos. O estudo foi publicado na revista especializada “Nature”.

Embora a perda de ozônio no Norte seja considerada temporária – e bem inferior à perda que ocorre na Antártica, no Polo Sul – cientistas descrevem o evento como um exemplo notável de como anomalias repentinas podem ocorrer, como resultado direto da atividade humana de anos atrás. E isso graças ao CFC encontrado em sprays, motores de geladeira e isopores, além de outros elementos presentes em pesticidas, por exemplo.

Desde o ano 2000, as concentrações desses poluentes declinaram na atmosfera, mas não mudaram muito em relação à época em que o primeiro buraco na camada de ozônio foi identificado. “A causa principal desse fenômeno são os elementos químicos emitidos ao longo do século XX”, afirmou Michelle L. Santee, do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa, uma das autoras do estudo. “Eles têm uma vida longa, podem levar décadas para desaparecer. Essa nova zona é um lembrete de que as atividades humanas podem ter um impacto muito significante e, algumas vezes, consequências não intencionais na atmosfera”, diz a pesquisadora.


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